domingo, 9 de janeiro de 2011

Santidade Estereotipada



         Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa coisa ou situação, já a santidade significa separação total a Deus, uma dedicação total que vem de sagrado, consagrado. Refletindo sobre a santidade conseguimos perceber que é um ideal de vida que muitos conseguem atingir, mas também encontram grandes empecilhos na caminhada para a perfeita comunhão com Deus. O primeiro desses empecilhos é você mesmo, lidar consigo mesmo é uma arte que cada um deve aprender.
         Um grande erro das igrejas é que muitas vezes apresentam o cristão como bonzinho, o santo, o que erra menos que os outros, o perfeito. Este equívoco em vez de incentivar a buscar por uma santidade verdadeira, de dentro pra fora, leva as pessoas a se preocuparem em manter uma imagem de bom e puro fazendo com que elas acabam sufocando os próprios pecados dentro de si, e se limitando da possibilidade de encontrar a santificação verdadeira e uma comunhão perfeita com Deus e com os irmãos.
         Este erro de muitas igrejas nos leva a um grande clichê propagado dentro dela, onde se diz que o cristão deve ser diferente. Normalmente quem apregoa este clichê se refere ao estilo, nos usos e costumes do fiel, e não no seu comportamento. Enquanto a preocupação for em ser diferente serão apenas mais um dos grupos estereotipados que existem por aí dentro das igrejas, a preocupação verdadeira deve ser em fazer a diferença. Fazer interferências graciosas onde vivemos, influenciando as pessoas, falando e vivendo o evangelho, assim fazemos a diferença e consequentemente seremos diferente.
         Algo que me tem despertado a atenção e me colocado medo nesses últimos dias é a verdade, a sinceridade. É incrível a facilidade como tornamos da igreja um palco e da vida cristã uma peça muito bem encenada. Por isso sinto falta de autenticidade e naturalidade nas palavras e atitudes das pessoas, e por vezes nas minhas, principalmente diante de Deus. A verdade é que o cristão não é bonzinho, e sim, o malvado que se reconhece malvado.
(Mc 2.17) (Lc 18.9)
A verdade é que quanto mais nos aproximamos da luz, melhor vemos a sujeira em nós. Pois se estamos nos achando bons demais, há alguma coisa muito errada.
(1 Jo 1.8-9)
Não podemos domesticar o que é sagrado, não podemos tornar o santo em matéria de entretenimento e de comércio. È preciso zelo e temor diante daquilo que é sagrado para não banalizá-lo, mas infelizmente isso tem acontecido. A santidade tem sido banalizada, pensada como gestos, barulho na adoração, expressões estereotipadas que causam mais impressão, ou de um jeito estático de se expressar. Santidade na verdade é uma consciência espiritual, é caráter e não liturgia, é o uso da vida mais do que a preocupação com o desfrute dos prazeres dela.
         Espiritualidade não pode ser uma negociação com Deus, também não pode ser dimensionada como uma experiência espiritual para nos sentirmos bem ou mais espirituais que os outros. Uma espécie de degrau de diferenciação dos demais. Espiritualidade sempre tem uma dimensão social, muda a vida das pessoas no tratamento com as outras, também tem uma dimensão existencial mudando a vida das pessoas e as tornando útil na mão do Senhor.
         A espiritualidade produz santidade, que não são gestos ou expressões estereotipadas. A santidade é dramática, muda a vida redirecionando os alvos e tornando as pessoas servas, ela não nos eleva nem nos torna senhores. Não é o ápice, mas o recomeço, um constante e diário recomeço. É o reconhecimento dos pecados, clamor pelas falhas, pedido de perdão, e submissão à vontade de Deus.
Nos meus momentos de baixa espiritual, corro para Deus. Ele alenta minha fé, pois todos os que foram impactados por Ele continuaram pecadores e com falhas, mas são confortados, pois souberam que servem a um Senhor que triunfará que não fazem parte de uma causa que talvez dê certo, mas que dará certo. Por isso momentos espirituais devem ser preservados, não podem ser rotinizados. Culto não é entretenimento, ma comunhão com Deus junto com a igreja, nossos irmão. Atos de cultos merecem respeito, a igreja, a comunhão dos santos, mesmo muitos pecadores, merecem respeito.
Santidade não é impecabilidade, é a vontade de não pecar, de agradar a Deus e estar com Ele. É ter prazer na comunhão da sua palavra. É nunca tratar as realidades espirituais com irrelevância ou com banalidade, não a transformando em uma cultura domestica, mas sim se submetendo a Ele.
Normalmente, automaticamente, frequentemente pensamos em nós como pessoas boas decentes, honestas, justas, amorosas, melhores que os outros. Mas me pergunto pra que tudo isso? Me importo com uma vida com significado, verdadeira e autentica, e me importo não só q     ue eu a tenha, mas que os outros também. Mas como dizer pra alguém que você conhece a solução de que ele precisa, se ele sequer sabe que tem um problema?
(Rm 3.10b, 11)
         Deus não nos chama a esconder nossos pecados e vestir máscaras de perfeição. E diferente do que alguns pensam, a verdade não nos incentiva a liberdade liberal, a viver de qualquer jeito. Pelo contrário, só a partir do reconhecimento é que podemos entender de fato a graça de Deus. A partir do momento em que reconhecemos, sabemos, assumimos, admitimos e confessamos que temos um problema é que ficamos interessados em descobrir a solução. Porém isso não significa que toda solução que encontramos será realmente a solução, devemos aprender a diferença entre algumas soluções e a solução: Jesus é a solução.
         Escutar de Deus, perceber suas emoções interiores que estão a todo tempo à nossa disposição, nos implica em outro aprendizado. A vida está cheia de aprendizado, aliás, viver já é uma aprendizagem, estamos imersos neste grande curso de santidade que é a vida. Para sermos santos de fato, é preciso aprender com os outros que conhecem o caminho, e este caminho é o próprio Deus. O Deus que coloca em nosso coração o ardor pela santidade, e este ardor é mais do que um apoio afetivo, uma simpatia pela idéia. Mas uma adesão efetiva: desejar amar cada vez mais a Deus, buscar fazer sua vontade e até mesmo doar-se por Ele e a Ele, se preciso for. Ser santo não consiste em fazer muito, mas em amar muito. Pois não há nada para que possamos fazer ou deixar de fazer para que Deus nos ame mais. Ele é o amor, e por esse amor Ele já pagou o preço de nosso regate.



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